Luz e sombra interessam mais

Milhares de sombras ocuparam os pavilhões do RioCentro nos três dias de #WebSummitRio. Entremeadas ao longo das primeiras horas, elas foram encontrando seus caminhos com o correr dos dias. Infinitas são as trilhas temáticas possíveis para este amplo palco de debates. Sombra. Conversas em ritmo de timelines sem chance de ir além. Sombra. Abas demais nas mentes sem necessariamente se traduzir em conhecimento. Sombra.

Fazer a cobertura de um evento dessas proporções só poderia gerar valor para a sociedade se olhássemos para as sombras. No primeiro dia de evento, nos dedicamos a entender com que sombras estamos deixando de lidar para estar em todos os palcos e assuntos. Como acontecia até bem pouco tempo com as marcas, que falavam tanto, que só falam de si. E assim transcorreu um primeiro dia de cobertura que começou com uma certa frustração e terminou com um olhar questionador para as nossas próprias sombras e com quais delas seguiremos. Luz.

Sair da sombra exige escolhas. Estamos escolhendo o nosso caminho ou apenas sendo levados por mais algum processo de automação? Esse questionamento pautou o nosso olhar no segundo dia de #WebSummitRio. Burnout atinge mulheres frontalmente sem que as organizações consigam agir com a urgência necessária. Automação. Apatia e negação na trilha da crise climática. Automação. Excesso de experiências digitais celebradas como progresso. Automação.

Na trilha NOUS, assuntos dolorosos e caros a uma sociedade que se recusa a regenerar: crise climática, falta de diversidade, perda da capacidade imaginativa e questões de gênero. Escolha. Debates sobre se posicionar (marcas vivas) no palco principal a partir de reflexões sobre diferenciação. Escolha. Que caminhos desejamos, a partir da informação, seguir? Pés que rumam para frente apesar das pedras no caminho, que nos interessam mais.

Sombras. Caminhos. No terceiro dia de #WebSummitRio decidimos olhar para o horizonte. Chegamos ao final dessa maratona olhando para o lugar de onde viemos. Natureza, único antídoto possível para o excesso de Inteligência Artificial. Horizonte. Mergulhamos no poder da intuição que nos revela diariamente a oportunidade de errar. Ouvimos, no palco principal, sobre como é importante para a sobrevivência manter viva a nossa capacidade de se abismar, de imaginar e manter vivo o contraponto, o diálogo, a interação social. Só longe da perfeição vamos ser capazes de deixar de lado o desejo de protagonismo para enfim, aceitarmos que também é bom ser parte.

Por Bruna Serra e Nina Pereira